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Trabalhar com projetos: desafios e possibilidades

 

Trabalhar com projetos exige de alunos e professores uma dedicação que apenas a certeza dos excelentes resultados assegura. Seu maior segredo está na escolha do tema, que deve ser capaz de envolver os alunos, tornando-os efetivamente sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Não há fórmulas, mas possibilidades de caminhos, pois cada projeto deve refletir a comunidade que o gerou.

Muitos de nós, professores, já desenvolvemos algum projeto em nossas escolas e, por diversas vezes, contamos com a participação de professores de outras disciplinas. Mas será que proporcionamos aos alunos o entrelaçamento entre os saberes envolvidos?

Na reflexão sobre esse questionamento, encontra-se um bom ponto de partida para pensarmos a pedagogia de projetos. Ao pôr em execução um projeto, devemos pensar: será que estamos reunindo diferentes disciplinas sob uma mesma temática (como aquecimento global, saúde ou cultura africana), agindo assim de maneira compartimentada e paralelamente ao desenvolvimento do “programa”, ou estamos articulando entre todos a produção coletiva de conhecimentos considerados significativos pelos alunos e pelos professores envolvidos?

De fato, trabalhar com projetos implica ser capaz de articular o tema escolhido – como o peso dos impostos e as revoltas populares; hábitos culturais e padrões de beleza; aceleração das mudanças tecnológicas; mito ou realidade, para ficarmos em alguns exemplos – com os conteúdos programáticos pré-selecionados, adaptando-os às possibilidades do projeto e ao interesse dos alunos envolvidos.

Tomando como base esses exemplos, todos de larga abrangência cronológica e geográfica, poderíamos trabalhar a Antiguidade greco-romana, a África negra, a África islâmica, o mercantilismo, o Iluminismo, revoltas coloniais no Brasil e na América, revoltas do século XIX, do século XX, literatura, estilos arquitetônicos e da arte, Guerra Fria, guerras em geral, culturas irrigadas, conhecimento do sistema celular, capitalismo, consumismo… A lista seria infindável.

Nas reuniões periódicas de acompanhamento, as ideias são coletivizadas e as informações compartilhadas, enriquecendo e coordenando a atividade. Nesses espaços o professor exerce a sua função, que é a de articulador entre os interesses dos alunos e as possibilidades e intenções a serem alcançadas.

Mas o papel dos alunos é prioritário, desde o desenvolvimento da pesquisa que será orientada pelos professores, e não feita por eles, até a escolha do produto final a ser produzido pelos alunos.

Os projetos podem apresentar uma duração variada e adequar as temáticas selecionadas aos principais conteúdos dos anos. Sua perspectiva principal não é conteudística, priorizando, em vez disso, o desenvolvimento de competências e habilidades que preparem esse aluno, sobretudo, para a vida em sociedade.

Identificar problemas, traçar metas e mecanismos que viabilizem sua execução, trabalhar com autonomia e em equipe, articular conhecimentos, defender pontos de vista, superar obstáculos e avaliar criticamente os resultados de seu trabalho são os resultados principais esperados, contribuindo para o processo de amadurecimento intelectual de nossos alunos.

É, sem dúvida, um desafio, que, se aceito, possibilitará um maior envolvimento do aluno inserido num mundo globalizado e acelerado com os saberes de seu cotidiano escolar. A realização de projetos possibilita aos alunos acompanharem o desenvolvimento e a finalização de seus objetivos na apresentação do produto final.

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BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2005.
CANDAU, Vera Maria (org.). Educação intercultural e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: etapas, papéis e atores. São Paulo: Érica, 2005.